Quem não estuda o idioma acha que letras japonesas são coisa de outro mundo, mas elas são mais simples de entender do que aparentam. Hoje no blog, vamos fazer um apanhado geral sobre a história da escrita e leitura dos caracteres japoneses. Basicamente são 3 formas de escrita: Kanji, Katakana e Hiragana.
Kanji O Kanji tem sua origem na China e foi incorporado pelos japoneses em meados do século IV. São milhares de ideogramas, mas os mais usuais são em torno de 2000. O mesmo Kanji pode ter leituras diferentes dependendo da palavra. Há ordem específica na sequência e direção dos traços e a caligrafia é uma arte tradicional que os japoneses chamam de Shodoo (書道 - caminho da escrita). Aproveitando esta palavra, vamos usá-la como exemplo para ilustrar o que comentamos acima.
書 - Sho - Este Kanji representa “escrita”. O verbo “escrever” é “書く”, porém a leitura do Kanji aqui passa a ser “Ka” Talvez esta seja a parte mais complexa do idioma: entender o momento e a leitura correta do Kanji. Os estudantes acabam encontrando algum esquema ou atalhos pessoais para facilitar este processo de aprendizagem, mas a só a prática traz a incorporação deste conhecimento.
道 - Doo Este Kanji significa “caminho, estrada, rua”. Na palavra 書道 (shodoo) sua leitura é “doo”. Quem gosta de artes marciais tem mais familiaridade com este Kanji. 柔道 - Juudoo ou Judô (caminho da suavidade) 空手道 - Karatedoo ou Karatê Do (caminho das mãos vazias) 合気 道 - Aikidoo ou Aikidô (caminho da harmonia)
Sozinho, 道 também pode ser lido como “michi” que significa rua.
Kanjis podem aparecer sozinhos ou combinados com Hiraganas, Katakanas ou mesmo outros Kanjis. Quem já estuda o idioma, vale passear no www.jisho.org. Lá, você consegue conhecer os radicais que formam os ideogramas, significados e leituras.
Leitura On ou Kun Ainda dentro do assunto Kanjis, os chineses tinham sua própria variedade de leitura dos caracteres. Ao incorporarem em seu idioma, os japoneses passaram a escrever em Kanji as palavras que já faziam parte de seu vocabulário, atribuindo esta leitura aos ideogramas (até então não existia uma escrita japonesa).
Em resumo: A leitura “On” é a que podemos chamar de “tradicional” ou de origem chinesa. A leitura “Kun” é aquela que os japoneses associaram ao Kanji.
Exemplo: 山 - montanha Leitura chinesa (dentre outras): san Leitura japonesa: yama
富士山 - Fuji San - o icônico Monte Fuji. 山をのぼる - Yama wo noboru - subir a montanha.
Estudantes de japonês muitas vezes se encontram em situações engraçadas de conhecer o Kanji, saber seu significado, mas não saber exatamente como a palavra é lida.
Dica: quando a palavra é um "combinado" de Kanjis, a leitura será "On", e quando não for, ou vier seguida de um Hiragana, a leitura será "Kun", via de regra.
Katakana O Katakana surgiu por volta do século IX. Na época, apenas nobres e homens instruídos conseguiam ler os Kanjis da literatura chinesa. Então, monges budistas criaram um silabário derivado para facilitar a leitura e simbolizar os sons dos Kanjis de forma rápida e fácil. O Katakana não tem valor conceitual. É apenas fonético e tem como característica seu formato mais angular e geométrico. Atualmente, o Katakana é utilizado para representar palavras estrangeiras, de natureza científica, nomes de países, onomatopeias e para dar ênfase no texto. Exemplos: パ (Pa) ン(n) -(Pan = Pão) ブ(bu)ラ(ra) ジ(ji)ル(ru) - (Burajiru = Brasil) ド(do)ア(a) - (Doa = Door = Porta) フ(fu)ワ(wa)ア(a) - (Fuwaa = onomatopeia de alguém bocejando)
Hiragana Assim como o Katakana, o Hiragana também foi criado a partir dos Kanjis. Na época, acreditava-se que os Kanjis eram apenas para homens, então as mulheres adaptaram e simplificaram os formatos dos ideogramas e elaboraram um novo silabário para redigir cartas, diários, romances e poemas. Atualmente, o Hiragana é utilizado para escrever palavras que não possuem representação em Kanji ou para esclarecer os que têm leitura rara ou difícil. Também é utilizado para representar as flexões de verbos e adjetivos ou as partículas gramaticais. Exemplo: そ(so)れ(re) - (sore = isso)
Furigana
Sabendo que o Hiragana e o Katakana foram criados para facilitar as leituras dos Kanjis, os estudantes de japonês adoram os Furiganas. Os Furiganas são a famosa “colinha” que aparece ao lado ou em cima dos Kanjis em livros, jornais, mangás ou mesmo lições. Eles mostram em Hiragana ou Katakana a maneira correta de ler o Kanji. Exemplos:
Roomaji
Roomaji é o padrão de escrever as palavras japonesas utilizando o nosso alfabeto latino.
Esta forma está presente principalmente em karaokês e costuma ser o primeiro contato daqueles que estão iniciando seus estudos em japonês.
Exemplos:
おはようございます - (ohayoo gozaimasu = Bom dia)
Teclados Os teclados de celulares em japonês costumam ter suas teclas em Hiragana. Assim que escrevemos a palavra, uma função parecida com o nosso amado e odiado autocorretor indica uma escrita em Kanji ou Katakana. Já no teclado de computador, o modelo é o mesmo do nosso aqui no Brasil, só que digitamos as palavras pensando no roomaji e outro sistema de “autocorreção” sugere as palavras em Hiragana, Katakana ou Kanji.
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REFERÊNCIAS
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